Pergunta simples, já muitas vezes formulada. Entretanto quando nos deparamos com períodos de crise ou transição, períodos que se caracterizam por serem difíceis de entender e de percorrer, períodos onde perdemos a clareza do sentido de nossa tarefa, de nosso trabalho, "(...) é necessário voltar às coisas simples, à capacidade de formular perguntas simples, perguntas que, como Einstein costumava dizer, só uma criança pode fazer mas que, depois de feitas, são capazes de trazer uma luz nova a nossa perplexidade". Pois é assim que percebo a necessidade de retomar a questão: Mas afinal, o que é educação física?
Muitos estudiosos debruçam-se sobre esse tema, todavia, podemos perceber pequenas nuances que traduzem convicções que se expressam em duas principais tendências: A primeira configura a Educação Física como uma ciência relativamente autônoma, uma disciplina acadêmica e/ou científica. A segunda, cética quanto as pretensões de hegemonia do conhecimento científico, pretende a educação física como uma filosofia da corporeidade. Dessas tendências decorrem duas perspectivas: 1º Científica: é o caso da ciência da motricidade humana, ciências do exercício, cinesiologia ou cineantropologia, a psicocinética ou praxiologia, que pretendem reunir dentro de um único espaço de investigação as diferentes formas e expressões da cultura corporal, ou seja, querem construir teorias capazes de abranger o desporto, dança, ergonomia, teatro, expressão corporal, jogos, atividades laborais; além de agregar todas as disciplinas científicas que, num determinado momento, trate desses objetos. 2º Filosófica: uma perspectiva existencialista, que configura à educação física um discurso filosófico da corporeidade, dando ênfase ao lúdico, a sexualidade, as práticas alternativas de expressão corporal, onde ela prevê a reconstrução da educação física na ótica do lazer, dos jogos populares nacionais. Mas afinal o que é Educação Física? Será ciência ou será filosofia?
Uma hipótese a ser sugerida é que essas tendências interferem a possibilidade de reduzir a educação física exclusivamente a uma ciência ou a uma filosofia, acabem por destituí-la de seu real significado social e, mais do que isto, apontam para a descaracterização de nossa identidade profissional.
A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO UMA DISCIPLINA NORMATIVA
O que significa perceber a educação física como uma pedagogia (práxis formativa)? Significa configurá-la como um conjunto de conhecimentos, que enuncia de forma concreta ( através de nossas aulas, enfim de nossa ação ou prática pedagógica) um conjunto de fórmulas abstratas que indicam como algo deve ser, em toda a situação em que se admite juízos. A partir desse entendimento supõe, portanto, que a educação física é concretamente ação, ela se operacionaliza na prática pedagógica. Torna-se normativa, de valores quando julga, por exemplo entre o certo e o errado, o bem e o mal, o bonito e o feio, o disciplinado e o indisciplinado, etc.; torna-se normativas de conhecimentos quando seleciona o que deve ser ensinado ou aprendido como relevante na cultura física, os hábitos de vida, o desporto e a promoção da saúde, por exemplo; e torna-se normativa de atitudes, habilidade e condutas quando define esteriótipos corporais, modelos de movimento e atitudes posturais
EDUCAÇÃO FÍSICA COMO PROJETO PEDAGÓGICO
Reduzir a educação física a seus pressupostos filosóficos, ou a um conjunto de conhecimentos oriundos de suas diversas disciplinas científicas, descaracteriza seu efetivo papel social enquanto um projeto pedagógico. A educação física devemos reconhecer, é educação, faz parte da educação geral, isto se entendermos como educação o desenvolvimento da personalidade,desenvolvimento das capacidades físicas, motoras, intelectuais, afetivas e morais dos seres humanos visando sua atuação na sociedade. Sendo assim ela configura-se entre a filosofia e a ciência mas em que a primeira não constitui um princípio nem a segunda um fim. A educação física enquanto limita à filosofia, permanece na abstração de um discurso especulativo de cunho axiológico. A educação física enquanto limitada à ciência, permanece na proposição e validação de técnicas e estratégias de atuação. Todavia, ela enquanto um projeto pedagógico faz interagir o conhecimento filosófico e científico na ação de ensinar, na ação de conduzir. É necessário concretizar esses conhecimentos, que será possível através da ação pedagógica, nossas aulas e nosso compromisso com a formação da personalidade de indivíduos humanos,
Pesemos a educação física como um projeto pedagógico e, assim, estaremos restabelecendo nossa identidade profissional. O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA, UM EDUCADOR, UM PEDAGOGO.
Autora: Fernanda Andrade
Muito bom, embora pareça que apenas reorganizou o texto, a forma como colocou, deixou mais fácil, acho que sem as citações da para compreender melhor! Obrigada.
ResponderExcluirExcelente resumo!
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